Nos últimos tempos, havia começado a pensar em coisas que antes nunca tinham merecido tanto espaço. Sempre acreditara que conhecia bem a sua forma de sentir, mas certas imagens surgiam-lhe na mente como se quisessem testar essa certeza. Não eram planos, nem promessas — apenas pequenas curiosidades que se insinuavam nos cantos da imaginação.
Nunca se vira a viver algo que fugisse do que sempre acreditara ser o seu caminho. Mas, por vezes, perguntava-se se o mapa que carregava consigo não tinha trilhos que ainda não aprendera a percorrer. Havia algo de silencioso nessas perguntas, como quem observa uma janela entreaberta sem saber se deve entrar.
Sabia que o seu coração precisava de mais do que momentos passageiros; precisava de sentido, de conexão. Talvez fosse isso que explicava porque tantas vezes sentira presença sem desejo, ou curiosidade sem ação. Talvez fosse apenas o ritmo natural da sua forma de sentir — mais lenta, mais cuidadosa, mais ligada a algo que não se vê.
E se um dia pudesse explorar tudo o que ainda não conhecia? Se pudesse experimentar caminhos sem precisar de lhes dar nomes? Talvez descobrisse que o importante não era escolher um destino, mas reconhecer a verdade de cada passo.
Por agora, ficava-lhe apenas essa sensação: a de que a liberdade existe dentro dela, mesmo que ainda não saiba ao certo como a viver.
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